Always changing;

Tem dias em que a gente acorda com uma vontade quase incontrolável de mudar os móveis de lugar, arrancar tudo dos armários e jogar fora, mudar a decoração, comprar roupas novas, mudas tudo a sua volta e tudo dentro de você.

Alguns dias atrás eu acordei assim, querendo mudar radicalmente e pra melhor [Porque toda mudança, a meu ver, é algo bom. Mesmo que, a curto prazo, não pareça]!

Percebi que não estava sendo eu mesma, que não estava me satisfazendo por completo. Notei a quantidade de coisas no mundo que eu estava perdendo ficando parada e olhando a vida passar... Existe muita coisa por aí e eu quero aproveitar a maior parte delas. Quero me fazer feliz, e quero parar de esperar que alguém o faça por mim.

Acordei e olhei pro meu quarto e comecei a planejar o que mudaria ali. Depois de umas horas eu percebi que, mesmo fazendo os tais planos, aquela vontade intensa de mudar não passava. E então eu percebi que algo dentro de mim queria mudar também: Eu queria ser mais livre, queria viajar, conhecer pessoas e lugares, quebrar mais regras, fazer tudo que eu tenho vontade, beber, fumar, ver o sol nascer, acordar sem saber onde estou, sei lá! Qualquer coisa, por mais ridícula, simples ou radical que ela pareça, o fato é que eu quero, daqui por diante, me fazer inteiramente feliz e ter sempre em mente que “Bom é quando faz mal!”.

Mudar de casa, mudar a decoração do quarto, mudar as roupas, mudar as bandas preferidas, mudas os amores, mudar as atitudes de sempre, mudar a bebida de sempre, mudar o cabelo, mudar a cor das unhas, mudar os passatempos, mudar os amigos. Isso me satisfez, isso alimentou algo que há alguns dias eu nem sabia muito bem que sentia...

Não é de hoje que eu sinto uma vontade de não-sei-o-que, que eu sei que quero fazer algo, mas não sei o que é... E faz algum tempo que eu ando me deixando mais livre, pra percorrer os caminhos que quiser e da forma que quiser.

De agora em diante, faço diariamente roteiros diferentes. Todo o fim de semana tem que sempre acabar muito bem e de preferência ser mais divertido que o anterior. Viajarei e conhecerei pessoas. Gastarei meu tempo com coisas e pessoas que me façam bem. Deixarei meu coração se apegar a quem ele bem entender, e me sentirei bem com isso, seja lá o que for. Vou beber quando quiser, sair quando quiser e vou sempre acabar feliz, porque eu sei que todos os meus dias serão diferentes e serão bons, por mais que não pareçam, e sei que não estarei sozinha.

É, surtei mesmo. Pode me chamar de adolescente-louca-depravada-perdida-na-vida, eu sei que sua mente é fechada o suficiente pra não perceber que, na verdade, você também gostaria de se dar a mesma liberdade que eu estou me dando – o melhor presente que eu poderia receber, aliás.

Cansei de ficar me segurando por medo do que “tal pessoa” pode achar de mim, de pensar antes de fazer e acabar não fazendo, de beber menos pra não perder o controle, dançar menos pra não chamar atenção. E cansei também de tentar mudar isso, chegar à minha casa, deitar e chorar a madrugada toda por sentir culpa: eu estou mudando, estou assumindo essa mudança e tudo que ela pode me custar, porque é algo sincero e verdadeiro. Não vou perder meu bom senso, não vou perder a [muito] boa educação que tive, não vou perder tudo que aprendi até hoje com a vida, mas vou ser feliz. É só o que eu quero – eu e todas as pessoas do mundo!


[DESABAFO MODE ON]


Minha mãe sempre diz: “Se quer que algo mude, mude você mesma primeiro!”,

ou o bom e velho (e mal interpretado): “Os incomodados que se mudem!”

Need anything at all;

O imediatismo dos jovens vem da consciência [inconsciente[?], na maior parte dos casos] de que estamos na idade em que tudo vai mudar. O tempo todo tudo vai mudar, sempre, sem parar, até que finalmente você ache o seu “encaixe” na vida e se estabilize em um caminho [exatamente assim, desesperadamente urgente e instável]. A gente não quer, instintivamente, perder a chance de conhecer o maior número de coisas diferentes que nos for possível enquanto ainda podemos; é perfeitamente normal, aceitável, compreensível e desejável agir assim.

Claro que também não é tão simples assim. Existem os limites, existem as condições, existe uma série de variáveis. Mas, essencialmente, o sentimento que se tem quando se perde algo novo [não exatamente novo, quando se perde alguma coisa] é extremamente frustrante.

As coisas estão mudando, e perder uma oportunidade agora pode querer dizer que você jamais terá chance de repetir ou de experimentar aquilo na sua vida. Não que algo seja definitivo agora. Pelo contrário, nada é pra sempre na fase da vida em que nós estamos... Mas, a qualquer momento isso também pode mudar, e ninguém vai querer passar o resto da vida se lamentando por não ter feito algo, ou tendo vontade de fazer algo que já não está mais ao seu alcance ou mesmo viver a vida toda sem ter passado por uma experiência que pode parecer boba, mas poderia ter adicionado algo a sua vida. Bom, você nunca vai saber se não tentar, certo?

E, não é nem pelo arrependimento. É simplesmente por termos um desejo instintivo [ou quase isso] de “ser” todas as coisas possíveis no menor tempo possível, pra poder ser a melhor coisa possível quando não se puder mais mudar. Ou de simplesmente satisfazer todas as curiosidades e todos os desejos que o seu ser for capaz de sentir [levando sempre em consideração as variáveis].

Alguém me disse, depois de ler isso: "Fiquei com a impressão de que você ta fazendo uma 'apologia à putaria' nesse texto". Não, não estou falando sobre adolescentes impulsivos e inconseqüentes, estou falando aqui sobre pessoas que fazem aquilo que querem fazer. Estou falando daquela pessoa que quando quer ficar com alguém e pode fazer isso, vai lá e fica, sem frescura [sem pensar 'ai, e se eu me apegar?', 'ai, e se eu sofrer']. Estou falando do tipo de gente que sabe entender e realizar os seus desejos mais profundos e mais puros. É esse tipo de gente que eu sou e que eu quero perto de mim.



O título provém desta belíssima canção: