Como dizia e saudoso Nero...

Inteligência é um inconveniente. Ta certo, é ótimo entender as coisas, se adaptar rapidamente, saber mais e mais. O problema não está aí, obviamente; o problema está em você conseguir acabar com a graça de tudo na vida, você automática e instintivamente destrói toda mágica de qualquer situação (salvo raras exceções em que eu consigo “deixar a cena bonitinha rolar”).

Saber que a paixão é uma reação química, que o sexo deforma o seu organismo por alguns minutos, que achar alguém bonito ou não pode ser influenciado pelas reações química que acontecem quando você sente algo por alguém, saber que “mágica” não existe e mais um sem-número de coisas acaba com a brilho de certos momentos. E, algumas vezes é impossível não lembrar que você sabe como e porque as coisas funcionam. Isso é realmente um inconveniente muito grande; nessas horas a gente entende aquela máxima: “A ignorância é uma bênção!”.

Ainda assim, saber é sempre melhor que não saber [em se tratando de seja lá o que for, é sempre melhor]. Tudo tem seu preço, é fato. Desde que eu sempre me lembre de outra máxima, aquela: “Tudo que é de mais faz mal” acho que posso ainda ver algum brilho nas coisas, ainda que por pouco tempo. O que é preciso, pra tornar isso mais fácil, é alguém que me diga ou me mostre algo que brilhe pra que eu possa conseguir não apagar esse brilho.

Ah, parece bobagem, criancice, mas tu hás de ver o quando essas magias lhe farão falta em algum tempo! Há de ver sim! Agora, só me falta alguém pra fazer isso. E quem é que há de querer me fazer sorrir nesse mundo, meu Deus?! (Sorry, ando melodramática =X).

O fato é que o mundo fica mais bonito se nós não soubermos como ele funciona de verdade. Talvez seja por isso que a maior parte das pessoas nem se preocupe em saber esse tipo de coisa [ja ouvi muitas vezes gente dizer "Ah, ta bom assim... Pra que vou querer saber isso?"]. Eu sempre achei um absurdo essa atitude, de não se interessar por tudo, de não ter fome de conhecimento, de não querer saber a verdade suprema de todas as coisas e de não querer estudar o bastante pra poder entendê-la. Mas, de fato hoje eu entendo esse tipo de gente... O mundo é realmente mais bonito se olhado só "na casca", se visto "com o coração".

E, além de mais bonito, ele é mais fácil também. Mais simples de se entender e de se viver. É mais fácil eu simplesmente colocar o nescau no copo e esperar juntar um dedo de chocolate no fundo do que eu saber que se colocar mais átomos de "nescau" do que meu leite é capaz de desmembrar e envolver eu vou ter pó molhado no fundo do copo... Não tem mais a graça de ficar tentando pegar o nescau no fundo do copo quando acaba o leite! [Vai, todo mundo faz isso quando é criança haushduasudhashdsa].

Agora, olhe no espelho e se pergunte: "Queres um mundo belo ou um mundo verdadeiro?". Pra mim, é a mesma coisa que perguntar se você gostaria que seu namorado te contasse caso te traísse: É melhor saber a verdade e nunca mais conseguir confiar nele ou é melhor continuar com a pessoa de quem você tanto gosta sem saber de nada? Você quer se sentir bem ou quer se sentir real? Prefere a verdade nua e crua ou o "mundo da imaginação" [Ok, não precisamos ser tão radicais. Não quero falar aqui sobre inteligência subre-humana e ignorância total. Existe o meio termo, uma linha tênue que separa as duas coisas... A questão é: De que lado da linha você prefere estar (sem se importar com quão perto da fronteira você está)?].

Eu fiz isso, e a resposta foi algo como "Não posso estar exatamente em cima dessa linha?". Quase imediatamente eu respondi de novo: Não! Não da pra estar entre as duas coisas ao mesmo tempo; em algumas situações você vai ser obrigado a "pular" pra um dos dois lados, e em outras vai ser obrigado a se distanciar muito dessa fronteira (no meu caso, sempre tento me distanciar pro lado da Razão). E, depois disso, a resposta para aquela pergunta anterior ficou óbvia: Há de aprender a escolher pra qual dos dois lados tu hás de pular em cada momento da tua vida. Para as coisas do coração, os olhos do coração; para os assuntos da razão, os olhos da razão. Simples assim! =)

Do what you feel; feel until the end.

Uma vez minha mãe contou que quando ela era mais nova, mais ou menos na minha idade, ela conheceu um cara depois de terminar um namoro longo. Esse cara que ela conheceu a fez sentir algo estranho, com o qual nós não estamos acostumados e, por tanto, não sabemos nomear. Era diferente e era intenso, como se os dois tivesse que ficar juntos, faziam parte um do outro; o ar não era o mesmo quando eles não estavam perto um do outro e mais um monte de coisas gays que eu posso citar. O fato é que algo dentro dela dizia que ela tinha que ficar com ele, e algo dentro dele dizia que ele tinha que ficar com ela; era um fato inegável, simplesmente era assim.

Mas, como toda pessoa que tem medo do que sente, ela não quis se entregar àquilo. Tinha acabado de terminar um relacionamento complicado, não queria mais um por mais que aquilo parecesse perfeito e certo...

Os dois se afastaram. Ele começou a namorar uma mulher que não combinava com ele, ela encontrou um homem que não tinha nada do que ela procurava em alguém. Ele se casou, ela se mudou de cidade, e nunca mais se viram, deixaram que aquilo que eles sentiam um pelo outro morresse ou se afogasse dentro de cada um deles.

Uns trinta anos depois ela se lembra dessa história, e com os olhos cheios de lágrimas diz que se pudesse voltar atrás teria ficado com ele, porque ela tinha certeza absoluta de que ele era o homem certo pra ela e ela a mulher certa pra ele. Ela tinha certeza absoluta de que teria dado certo, mas agora é tarde de mais...

As histórias se repetem (com algumas modificações, é claro). O ciclo continua, por mais que eu não queira ver essa história se repetir.



Sim, essa história se trata daquilo que os românticos chamam de “almas gêmeas”. Eu sempre pensei que fosse besteira, mas depois que você sente algo que só pode ser interpretado dessa maneira boba e emocional você percebe que isso pode existir, afinal.

Mas, se trata também do medo covarde que nos faz perder grandes oportunidades na vida, que não nos deixa arriscar.

Eu sempre preguei que nós devemos fazer tudo o que pudermos e tudo o que quisermos, para que se der errado possamos dizer “Eu tenho certeza que fiz tudo que poderia ter feito”. Acho burrice alguém desistir de algo que quer e que sabe que pode ter só por medo, covardia, insegurança... No fim essa pessoa só poderá se perguntar “Se eu tivesse tentado, o que teria acontecido?”.

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."